Reportagem da FOLHA flagra nuvem funil que se formou em Apucarana, com ventos de até 140 km/h

Analisando as imagens registradas pela reportagem da FOLHA, Cezar Duquia, do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), informou tratar-se de uma nuvem funil, que se transforma em tornado apenas quando toca o solo. ''Faltou muito pouco para que fosse um tornado'', afirmou o meteorologista, estimando ventos de até 140 quilômetros por hora na área de formação da nuvem funil.
Segundo Duquia, o fenômeno ocorre quando há combinação de três ''ingredientes'': aumento significativo de temperatura, umidade alta e ventos fortes em direções opostas. O registro de nuvens funil é ''relativamente comum'' em áreas com relevo acentuado, exemplo da região de Apucarana, principalmente durante o verão. ''Com o avanço da tecnologia, câmeras de celular que fazem fotos, vídeos, estamos recebendo algumas notificações deste tipo de ocorrência. Mesmo assim, é um lance de sorte conseguir uma imagem dessas'', avalia.
O meteorologista garante que a ocorrência desse tipo de fenômeno não vem sofrendo alterações significativas, e ainda não há estudos provando que o aquecimento global pode acentuar o número de casos de nuvem funil ou até mesmo avançar para tornados.
''Considero muito difícil que o aquecimento global cause um aumento tão significativo na intensidade dos fenômenos. Talvez o impacto seja sentido mais na Europa e em países do Hemisfério Norte. Mas são apenas hipóteses. Tem muitas pesquisas sobre o assunto, mas nada foi provado cientificamente''.
Até por isso, Cezar Duquia não descarta a possibilidade de que um tornado atinja a região norte do Paraná. Segundo ele, a região registra temperaturas próximas dos 40 graus, chuvas de granizo e ventos fortes, fatores que, combinados, podem causar o fenômeno. ''É preciso ter cuidado com o clima, mas também não há motivo para alarme'', ameniza o meteorologista.
Aconteceu por aqui
Em levantamento feito pela reportagem junto à Defesa Civil, foi possível identificar a ocorrência de oito tornados ou trombas d'água no Paraná nos últimos 20 anos. A primeira delas é de 1987, em Prudentópolis (região sul), mas a maioria consta de maio de 1993, quando foram atingidas as cidades de Cantagalo, Capitão Leônidas Marques, Dois Vizinhos, Irati, Lindoeste e Rebouças, nas regiões sul e sudeste do Estado.
O último registro, no dia 9 de novembro de 2007, foi feito na zona rural de Ribeirão do Pinhal, norte pioneiro. Segundo o relatório da Defesa Civil, cerca de 250 pessoas foram afetadas pela ocorrência, mas ninguém ficou ferido.
A região de Apucarana, onde foi feita a imagem da nuvem funil, é responsável pelo único registro de ciclone tropical no Estado. De acordo com a Defesa Civil, o fenômeno ocorreu por volta das 17h15 do dia 1º de outubro de 2001, com ventos de até 150 quilômetros por hora e temporais que desabrigaram cerca de 120 pessoas.
Outra ''revolta da natureza'' foi registrada na primeira semana de 2006, quando um terremoto de 4,3 graus da escala Richter atingiu a região dos Campos Gerais. Moradores de Ponta Grossa, Tibagi, Castro, Imbaú e Telêmaco Borba sentiram a terra tremer, mas não houve registro de ocorrências graves.
Marco Feltrin
Reportagem Local
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